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FDG - FEITOPORDGAUDIO

CORPO & USO, UM POUCO DE TUDO; POESIAS, CULTURA E MODA

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CORPO & USO, UM POUCO DE TUDO; POESIAS, CULTURA E MODA

13.07.12

IDENTIDADE E PÓS-MODERNIDADE: CRISTIANNE ARAUJO SILVA DIAS


dgaudioprocopio o Poeta

IDENTIDADE E POS MODERNIDADE/CRISTIANNE SILVA DIAS

________________________________ * Aluna de Especialização em Literatura pela UESPI e professora da rede municipal de Nazária.

IDENTIDADE E PÓS-MODERNIDADE:

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE FEMININA EM CONTATO COM OS CONFLITOS DO PÓS-MODERNISMO EM

 

O SILÊNCIO, DE TEOLINDA GERSÃO


Cristianne Silva Araújo Dias*

RESUMO: O conflito na construção da identidade feminina frente a um mundo em constante mudança na era da globalização, que gera crises no comportamento e na cultura, influenciando comportamento dos indivíduos, vem a ser objeto de estudo desse trabalho, focados na obra

 

O Silêncio, de Teolinda Gersão. Especificamente no contexto da Pós-Modernidade, que revela as mudanças ocorridas na família e na sociedade, e sua influência na literatura.

PALAVRAS-CHAVE: Identidade. Feminismo. Pós-modernidade.

ABSTRACT: The conflict in the construction of female identity in the face of a changing world in the era of globalization, which generates crises in behavior and culture, influencing the behavior of individuals, has been the object of study of this work focused on the book

 

O Silêncio, of Teolinda Gersão . Specifically in the context of post-modernity, which reveals the changes i family and society, and its influence on literature.

KEY WORDS: Identity. Feminism. Postmodernism.

O tema "Identidade e Pós-modernidade" surgiu a partir da leitura da obra

 

O Silêncio, de Teolinda Gersão onde a presença da mulher chama a atenção, quando procura romper os vínculos que a sufocam e a impedem de tomar suas próprias decisões.

A abordagem utilizada nesse trabalho é importante por se tratar de uma pesquisa que envolve a questão de gênero, da construção da identidade feminina e as questões que envolvem a pós-modernidade.

A construção da narrativa de

 

O Silêncio chama a atenção e nos desperta o interesse em analisar o romance, no que diz respeito à construção da identidade da mulher. Mais de um narrador se apresenta, revelando a 2

fragmentação textual o que condiz com o aspecto social do pós-modernismo, onde os relacionamentos, a cultura, a família estão sendo modeladas nesse novo conceito.

A literatura surge quando o indivíduo encontra-se em conflito e necessita expor o que está sentindo, a mulher sentia a necessidade de revelar o que sentia, porém gerações foram impedidas da arte da escrita.

A literatura de cunho feminista é uma vertente recente em relação à história da Literatura, com o desenvolvimento do pensamento feminista a mulher vem sendo objeto de estudo em diversas áreas do conhecimento, segundo Lúcia Osana Zolin (2005).

As primeiras mulheres que escreveram e publicaram suas obras obtiveram inicialmente o direito à leitura e à escrita, pois em épocas passadas era vedado o direito da mulher de ler e escrever, sua educação, quando a possuía, era voltada para aprender os afazeres domésticos; só a partir do acesso à educação puderam participar da literatura e da política, além, é claro, de outros segmentos da sociedade.

Muitas conquistas foram obtidas ao longo dos séculos, mas há ainda muito para ser conquistado, um exemplo é Teolinda Gersão, que nasceu em Coimbra, Portugal, estudou Germanística e Anglística nas Universidades de Coimbra, de Tuebingen e Berlim, publicou seu primeiro romance,

 

O Silêncio, em 1981, além de outras obras de destaque internacional.

Teolinda Gersão procura abordar em suas obras temas como amor e morte, opressão e liberdade, identidade, resistência e outros temas relacionados à problemática das relações humanas. Seus personagens são maioria mulheres, e em

 

O Silêncio, Teolinda aborda a mulher em crise no casamento.

A crítica feminista defende a análise das obras escritas por mulheres de acordo com o contexto que está inserido, durante muitos anos calada a mulher desponta de forma a superar preconceitos e transpor barreiras, Zolin (2005, p. 181) diz que

[...] A constatação de que a experiência da mulher como leitora e escritora é diferente da masculina implicou significativas mudanças no campo intelectual, marcadas pela quebra de paradigmas e pela descoberta de novos horizontes de expectativa. 3

Os conflitos atuais, tendo a mulher como um dos personagens que mais buscaram por seus direitos, podem ser explicados como sendo reflexo das mudanças ocorridas na atual fase da globalização, segundo Hall (Hall, 2000, p. 7) "as velhas identidades (...) estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno", o que nos leva a avaliar esses efeitos na família. Anthony Giddens explica em seu livro

 

Mundo em descontrole os efeitos das mudanças globais em nossas vidas, afirmando que "[...] Há uma revolução global em curso no modo como pensamos sobre nós mesmos e no modo como formamos laços e ligações com outros. (GIDDENS, 2007, p. 61).

A sociedade contemporânea vive um mundo industrializado/tecnológico e competitivo. O homem aos poucos foi perdendo sua liberdade individual, sua identidade e até suas satisfações pessoais, levando-o à descrença e frustrações, isso acontece, segundo Hall (2000, p. 12), porque

[...] O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas.

O pós-modernismo, enquanto estilo estético, surge no final da década de 1960 e no começo de 1970 tentando transmitir conflitos do homem nesse momento de mudanças, é marcado pela fragmentação textual, correspondendo ao nosso mundo multifragmentado.

[...] Acontece o quê?, pergunta o homem.

Então ela tem os cabelos desmanchados e caminha pé ante pé no corredor. Quando chega ao quarto de Herberto passa através da porta sem a abrir. Herberto beija-a apressadamente na boca e fogem os dois pela janela aberta: montados em vassouras. Algum tempo depois Lavínia regressa de comboio, Alfredo vai esperá-la à estação. (...)

E o que acontece depois? Quis saber o homem ainda.

Nada, disse a mulher. Nada. O tempo passa, as estações deslizam diante da janela, a chuva bate contra o verão. Talvez apenas – (GERSÃO, 1984, p. 19-20).

Em relação à narrativa encontram-se elementos de autoconsciência e auto-reflexão:

[...] porque eu era vaga e difusa e sem fronteiras, igual a tudo e a nada, e havia uma casa que se abria na noite com a sua luz acesa e o seu pão quotidiano, procurei-te, talvez, por medo ao infinito, mas agora não quero mais ficar aqui ( GERSÃO, 1984, p. 35). 4

O narrador converte-se num observador, havendo a predominância da imagem e da valorização da linguagem, reafirmando a narrativa pós-moderna como um reflexo da civilização da imagem.

[...] Havia de repente no ar um prenúncio de verão, uma temperatura alta, um céu intenso e claro, e se ela levantasse a cabeça para olhar os prédios brancos, cercados de varandas, tinha a sensação de flutuar na luz, em múltiplas direcções que ninguém via. Caminhar contra o vento, como se não fosse deter-se nunca mais; e um desejo e uma pressa, uma vontade de cantar." (GERSÃO, 1984, p. 45).

O pós-modernismo marca a questão social e histórica, além da origem dos conflitos dentro das famílias e no meio político no âmbito mundial, e as mudanças ocorridas na sociedade, uma vez que influenciam a produção literária; a situação da mulher em suas questões pessoais, assim como sua ascensão na sociedade acontece dentro da obra

 

O Silêncio, Giddens (2007, p. 22-23) aponta que


[...] Sistemas tradicionais de família estão começando a ser transformados, ou estão sob tensão, especialmente à medida que as mulheres reivindicam maior igualdade. Até onde sabemos pelo registro histórico, jamais houve antes uma sociedade em que as mulheres fossem sequer aproximadamente iguais aos homens. Esta é uma revolução verdadeiramente global da vida cotidiana, cujas conseqüências estão sendo sentidas no mundo todo, em esferas que vão do trabalho à política.

Na questão literária a mulher galgou importantes posições de destaque, porém

[...] o estereótipo feminino negativo, largamente difundido na literatura e no cinema, constitui-se num considerável obstáculo na luta pelos direitos da mulher.

Estudos acerca de textos literários canônicos mostram inquestionáveis correspondências entre sexo e poder: as relações de poder entre casais espelham as relações de poder entre homem e mulher na sociedade em geral; a esfera privada acaba sendo uma extensão da esfera pública. Ambas são construídas sobre os alicerces da política, baseados nas relações de poder. (ZOLIN, 2005, 181-182).

Em

 

O Silêncio, a mulher encontra-se angustiada, cheia de questionamentos, procurando motivos para encontrar felicidade em sua vida e seu casamento, essa narrativa, onde Lídia é uma das vozes do texto, não é linear, pois são entrecortadas de pensamentos, divagações, misturada em sonhos e vozes de outros personagens que surgem das lembranças e da mente de Lídia. 5

Essas características são típicas da literatura pós-moderna, que possui em sua narrativa a pluralidade de vozes e nas descrições de tempo e espaço, Thomas Bonnici (2005, p. 258) explica que

[...] O Pós-modernismo trabalha com um conceito muito diferente de tempo e de espaço. A rápida transglobalização da informação, do dinheiro e da cultura subverteu as noções estabelecidas de tempo e de espaço, os quais tornaram-se instáveis, confusos e incoerentes. A cultura pós-moderna pretende concretizar tais distorções.

A construção da identidade feminina dentro do contexto do pós-modernismo vem ser a proposta deste trabalho, primeiramente deve-se compreender como se dá o "nascimento e morte do sujeito moderno", conceito criado por Stuart Hall.

Hall afirma que não é tão simples definir o sujeito moderno, acreditava-se no sujeito divino, que era regido por forças superiores, até que no século XVI com o Humanismo Renascentista e o Iluminismo do século XVIII, questionamentos foram levantados, como a ordem divina das coisas e dos indivíduos; a razão ganhou destaque com as descobertas científicas e a revolução industrial e comercial.

As ciências sociais formularam teorias a partir da observação das mudanças ocorridas na sociedade e, consequentemente, no sujeito, pois "à medida em que as sociedades modernas se tornavam mais complexas, elas adquiriam uma forma mais coletiva e social." (HALL, 2000, p. 29). Nesse sentido o homem foi se individualizando dentro de um mundo cada vez mais competitivo.

Hall afirma também que houve um descentramento ou deslocamento do conceito de sujeito moderno. O mais importante descentramento no pensamento ocidental do século XX foi a contribuição de Freud, muitas discussões foram levantadas sobre os estudos e o pensamento freudiano, aqui cabe salientar a importância no campo da formação do sujeito social, de onde Hall deduziu que: "a identidade é realmente algo formado, ao longo do tempo, através de processos inconscientes" (HALL, 2000, p. 38) e não uma identidade fixa, a qual se origina desde o nascimento.

O processo de construção ou reconstrução da identidade não para, mas é contínua. Em Lídia, personagem de

 

O Silêncio, há o espelhamento de si com a 6

mãe, continuamente ela recorre às lembranças de infância procurando semelhanças que as aproximem.

A narrativa baseia-se no conflituoso casamento de Lídia e Afonso, que fora casado com Alcina, mas não era feliz, até que surge Lídia em sua vida "agora, havia um tempo vivo, intenso, que o fazia esquecer do tempo antigo, Lídia surgida, de repente, em sua vida" (GERSÃO, 1984, p.33); porém, a beleza, a alegria, a liberdade de Lídia assustava-o e "não punha nunca o seu próprio universo em causa, e não viria nunca ao seu encontro" (Gersão, 1984, p. 34). Existia uma tensão entre eles, onde Lídia não conseguia romper, Afonso então se fechou e já não havia nada senão o silêncio entre os dois.

Sentindo-se sozinha Lídia mergulha em suas lembranças, diversas vezes surge a presença da mãe, Lavínia, e seus casos amorosos, seu suicídio, a tristeza de Alfredo ao ser traído por Herberto, seu melhor amigo, e Lavínia, a fuga dos dois "pela janela aberta; montados em vassouras" (Gersão, 1984, p.19), e depois da morte da mãe continuou sendo criada por Alfredo, que foi afetado a partir de então por uma profunda tristeza.

Esses fatos são recorrentes durante todo o romance, tornam-se repetitivos, ou às vezes muda o foco narrativo para descrever o mesmo fato, como a voz de Lavínia depois de morta, descrevendo sua casa sem vida, suas flores mortas, sua filha crescendo.

[...] uma criança nasceu de mim, mas há muito deixei de senti-la, nasceu e partiu e eu vejo-a apenas através da vidraça, com o coração a bater, mas não posso tocá-la, ela está viva e eu estou morta e não há ponte entre a vida e a morte. (GERSÃO, 1984, p. 66).

Lídia vai seguindo a sina de sua mãe, não se sente feliz com o homem que escolhera, quer viver em liberdade, sem ninguém para controlá-la, nada a temer, e tudo por descobrir. Até do próprio filho ela se desfaz "estou livre e solta, meu filho livre e solto que ninguém irá prender nunca" (Gersão, 1984, p.122), esse é o ato final que a separará de Afonso. Lídia vai embora sem remorsos, vai em busca de sua identidade, quebra o silêncio e se liberta.

[...] e eu sairei a porta e descerei à rua e não voltarei nunca mais, terei todos os caminhos do mundo para andar e irei procurar noutro lugar, noutra casa, meu filho, e se o amor não existir eu o inventarei com meu corpo, e se a vida não existir eu a criarei com as minhas mãos. (GERSÃO, 1984, p. 123). 7

Verificamos que durante todo o romance a personagem Lídia e o seu duplo Lavínia, procura firmar-se como mulher, diante da família, do casamento, e da sociedade, porém constantemente encontra resignação nas pessoas, vê que as pessoas se abstém de seus desejos e anseios, por causa do trabalho, pela aparência, dedicam-se tanto ao trabalho e tão pouco em serem felizes, e assim como sua mãe, abandona o lar e o filho(a) em busca da felicidade.

Lavínia desiludida volta para casa e busca na morte uma saída, mas Lídia, como se fosse um retorno de Lavínia, procura fazer diferente, e sai de maneira definitiva consciente dos seus atos, embora magoando, mas convicta que fez o que achava certo, consciente que iria procurar a felicidade em outro lugar, outra casa.

Essa busca incessante marca o homem moderno, largar tudo e recomeçar é um grande desafio, o medo de se arrepender é maior do que o vazio que se encontra dentro do indivíduo, a felicidade fica em segundo plano, o conforto financeiro tende a ser uma falsa felicidade.

REFERÊNCIAS

BONNICI

 

, Thomas e ZOLIN, Lúcia Osana (Org.).Teoria Literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. 2. ed. Maringá: Eduem, 2005.

FERREIRA, Manuel.

 

Literaturas de Expressão Portuguesa. São Paulo: Ática, 1987.

GERSÃO, Teolinda.

 

O Silêncio. 3. ed. Lisboa: O Jornal, 1984.

GIDDENS, Anthony.

 

Mundo em descontrole. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007.

HALL, Stuart.

 

A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva & Guaracira Lopes Louro. 4. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

04.07.12

LOBO SOLITÁRIO


dgaudioprocopio o Poeta

LOBO SOLITÁRIO

 

 

Tens o olhar longínquo e indefinido

Propiciando um enigmático alado

Pensamento incerto e nebuloso.

 

Envolvido em um místico sentimento Virtual.

Um tanto que colorizado em tom e fim;

Mas não menos importante ao ponto do ser.

 

Possivelmente num mundo, mas que distante

Para um simples alô. Por que não dizer: Avante!

Em tal e tanto por um simples prazer: Viver!

 

 

Não sem antes cantar uma canção ritmada,

Ou uma batucada sincronizada em forma de samba.

Uh! Lá! Lá!

Talvez assim seja ele mesmo: José Marques!

Ou Zé Marques. O sambista!

 

 

Para você meu amigo enigmático sambista:

Um tom de louvor! Um toque de poesia!

Será sempre você e Teresina. TEREMARX.

 

 

 

D`Gáudio Procópio

 

Homenagem ao jornalista e sambista José Marques de Souza Filho

Teresina,03

ZE MARQUES/DGAUDIO

de julho de 2012 21:20hm