ESPELHO
dgaudioprocopio o Poeta
INIMIGO MEU: ESPELHO!
Espelho que me envergonha e desbota face
Inimigo meu que deturpa a imagem sórdida;
Empalidecida pele idosa numa jovem vida
Que me foge em anos frígidos: infeliz enlace.
Espelho que me rouba em face de paz infinda
Que de mais a mais se vai! Jovial que dia fora.
Hoje resta a dor em dúvida pela vida ora finda
Em rusga e pregas que vista o terror deteriora.
Espelho que me envergonha! Não ditas à verdade
Por que aos olhos apavora a alma grita ela chora!
Tormentos de estupor, depressivo trauma idade:
Reflete sim incerteza. Maldito espelho de agora!
Envergonha-me aos olhos, desbota-me a imagem!
Qual o réptil é o dejeto de um verme que rumina:
Rumina os sentimentos, desintegra os pensamentos:
Fingindo o que não era forjando o que nunca fora.
Espelho que me envergonha:
Esta imagem que me reflete.
Espelho que afronta só repete:
Essa deprimente dor de agora.
Malditos sentimentos! Não se escondem sob o espelho!
Que me envergonham e assombram! Detestável heresia!
Antes a madre nunca expeliria! Porque não tragaste ó rio?
Vomitaste água a fora: maldito velho monge! Rio Parnaíba.
Espelho que me afronta
Imagem que envergonha
Deprimente criatura tola
O que resta de ti agora?
Espelho que não responde
Só mostra a cruel realidade
Que mal fiz eu para contigo?
Porque zombas deste vestígio?
D`Gáudio Procópio