EXAME DE PRÓSTATA NO MATUTO
dgaudioprocopio o Poeta
GISLENO FEITOSA - nasceu a 21/11/1949, em Iguatu - CE.
Médico com pós-graduação em Ginecologia.
Especialista em Bioética.
Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Academia de Medicina do Piauí, Academia de Ciências do Piauí, Academia de Letras do Vale do Longá e Sociedade Brasileira de Escritores Médicos.
Presidente da Comissão de Ética Médica do Hospital Santa Maria.
Cronista, Contista, Poeta. Obras publicadas: “Vide Bula para Viver Melhor” e “Gisleno Feitosa em Verso e Prosa”. Coautor de “Florilégio Poético” e “Médicos Contam Contos” editados pela Sociedade Brasileira de Escritores Médicos - Regional do Rio Grande do Sul.
Autor da monografia “Aborto e Anencefalia: opinião das mulheres de classes populares de Teresina – PI”, publicada em Tópicos em Bioética pela Editora LetrasLivres, Brasília – DF.
Escritor classificado com menção honrosa no gênero “ensaio”, no X Concurso Literário Nacional da Associação Baiana de medicina com a obra “Feitosa, dos Inhamuns”, em Salvador-BA, em outubro de 2003.
Atualmente dedica-se ao estudo da integração entre Medicina e Arte, incluindo aspectos da iconografia, literatura e pintura.
Criador e Executor do Projeto Letras & Petas, em convênio com a Academia de Ciências do Piauí, para homenagear personalidades que tenham contribuído para o avanço de uma nova consciência crítica, em nosso Estado.
Criador de duas exposições fotográficas contendo material exclusivo da classe médica, denominada “Fotomed”, que obteve repercussão nacional.
Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Piauí.
Ex-Membro do Conselho Superior da Universidade Federal do Piauí.
GISLENO FEITOSA-MÉDICO E POETA
Colaboração do Doutor Gisleno
EXAME DE PRÓSTATA NO MATUTO*
Coisa errada acontecia:
Eu mijando enviesado.
Cuma dizê pra Maria?
Matutei, desconfiado.
Ah! meu cumpade foi fogo.
Aperrei do satanás:
O pinto tando com gogo
E a xana correndo atrás.
Mas deixando de lorota,
Vamos direto pro caso:
Pingava mais na lajota
Que pingo dentro do vaso.
Se eu mijava no capim,
Era tudo diferente:
O mijo caía em mim,
Raramente ia pra frente.
O pensamento mandava;
A bicha num obedecia.
Muitas vezes eu chorava
Quando a bexiga se enchia.
Doía até nos cabelo
Que iam se arrepiando.
Bebia que nem camelo
Mas mijar, só gotejando.
Urinava à prestação,
Numa vertida marota:
No banheiro, a precisão,
Era uma atrás da outra.
Depois de comer tampado
E de sentir tanta dor
Me senti encorajado
De procurar um doutor.
Só faria um pedido:
Aliviar o sofrimento.
Que me desse um comprimido
Ou me passasse um unguento.
Mas moço, foi um vexame,
Depois de tanta agonia.
Era um montão de exame:
Sangue, urina, ecografia.
Com uma sonda no “bico”
Mandaram me ajoelhar
E urinar num penico
Pru mode num derramar.
Depois de tanta desfeita,
De tamanha humilhação.
Pensei sair c’a receita
Na palma da minha mão.
Mas tava muito enganado
E tomei até um choque
Quando ouvi encabulado
Que ia passar por um “toque”.
A cabeça num entendia,
Era grande o meu dilema:
Pra que mexer noutra via
Se é na piroca o problema?
Assuntei c’a minha mulher
E fui mudando meus planos.
Mas matuto nenhum quer
Ser futricado no ânus.
Relutei o mais que pude
Envergonhado e covarde.
Mas se é pro bem da saúde
Fazer o quê, meu cumpade?
Digo com sinceridade,
Que desse exame nojento,
Nunca vou sentir saudade
Um só tiquim de momento.
Mas, cá pra nós, meu amigo,
Ainda tive foi sorte.
Pru mode o exame tou vivo.
Melhor que a melhor morte.
O cabra tem que ter peito.
Botar a vergonha de lado
Enfrentar o preconceito
E viver desvirginado.
Esta trova é advertência
Àquele que não se importa
E não toma consciência
Quando o câncer bate à porta.
Dr. Gisleno Feitosa
*Paráfrase, baseada no poema “Dedo Bandido” de Mano Lima, nome artístico de Mario Rubens Battanoli de Lima (Itaqui, 26 de agosto de 1953) cantor brasileiro.
Grande filósofo gaúcho adepto do ruralismo desmedido.
"O Câncer da próstata tem cura e a cura depende do diagnóstico precoce".
O objetivo deste poema é sensibilizar e conscientizar os homens da importância do exame de próstata, que ainda é visto com preconceito por grande parte da população masculina.