ARTIGO= O SOCIAL DISSOCIADO
dgaudioprocopio o Poeta
O social dissociado
É de bom grado que vivenciamos a era do
incessante avanço tecnológico nos tempos atuais – inovação tão celebrada e
difundida que, inexoravelmente, tem alterado bastante o convívio humano, de um
modo geral.
Com isso, ao longo do tempo,
economizaram-se: fios, com o advento do celular; fala, com o dos torpedos
e dos e-mails; memória, com o do próprio celular e do computador; e até
na escrita das palavras: “vc”, “kza”, “bjo”, “pq”. Economias que não prejudicam
o bolso de ninguém, muito menos a saúde, no caso das palavras; porém, as de
nível governamental, nem se falam, pois só servem de alimento às corrupções
políticas. PQP!
Hoje a pressa é tamanha em tudo que
vamos fazer que, detalhes são atropelados, impiedosamente, a qualquer momento,
e em qualquer lugar, nesse trânsito poluído de fuligens impudoríferas (no
trabalho, nos meios de locomoção, nas relações interpessoais, no respeito aos
animais, ao meio ambiente). Isso tudo é fruto proveniente do ESTRESSE,
resultante da busca acirradíssima de valores materiais e morais (o dinheiro, a
fama, o poder...), que GERA status sociais e instiga o bem-estar
espiritual. Aonde vamos com essa cobiçada carruagem, nefasta, com capacidade de
lotação sem limite?
O destino é previsível e garantido: a MORTE!
É lastimável o cenário ideológico como
o mundo se encontra, com a demasiada
exploração dos recursos naturais, para satisfazer os desejos do homem, que está
sempre buscando formas de explorar: crescimentos desenfreados populacional e
urbanístico (desmatamentos, queimadas, extinção de animais); sucessivas
inovações tecnológicas (aparelhos eletrônicos, automóveis – impressionante a
quantidade fabricada, por dia, mundialmente > congestionamentos >
poluição). Em detrimento disso, certos hábitos ou paradigmas surgiram,
principalmente nos centros urbanos, no ensejo dessa nova projeção mundial. O
modelo de homem passou de “humano” para “tecnológico” - este, um verdadeiro
judas que prefere tocar com os próprios dedos nas teclas da virtualidade a
acreditar na realidade presencial. E, aproveitando-se disso, a mídia faz média
da expectativa deste espectador judiado; oferecendo-lhe, sobretudo, comidas
típicas do seu cardápio (da mídia), e “enfica” o BBB, as novelas, as ideologias
políticas...
Ademais, atualmente, nota-se uma
aviltante substituição do termo “social” (ex-social) pelo “virtual” (social),
este sob o rótulo de “redes sociais” na internet – uma ferramenta de uso
massificado, bastante recorrida praticamente em tudo que vamos fazer; no
entanto, uma espada afiadíssima, de dois gumes, para quem não sabe usufruí-la.
Tais redes alteraram significativamente a fórmula dos relacionamentos pessoais,
dando nova configuração aos moldes da comunicação, da informação e da
propagação do conhecimento, através dos bate-papos, orkut, twitter;
e, febrilmente, o facebook, onde o indivíduo fofoca sua própria vida,
descrevendo sua rotina: dizendo o que está fazendo, o que deixou de fazer, o
que pensa, além de (re)produzir, em sua maioria, criatividade supérflua,
própria ou alheia (sem referências autorais) e publicando/compartilhando suas
fotografias e vídeos, estes principalmente no youtube; porventura,
sentido-se uma celebridade rodeada de “fãs”, idealizados por si próprio
(“amigos”). E ainda há os curiosos, que adoram escarafunchar tais fotografias
ou vídeos, para comentá-los: seja para criticar, admirar, bajular... Engraçado
ou estranho que, as coisas “tecladas” no ambiente virtual nem sempre vêm à tona
quando os indivíduos conversam pessoalmente em outro momento (é muita coisa
para lembrar, porque “teclou” com vários “amigos” ou comentou várias
fotografias e vídeos, e seu cérebro foi terceirizado pelo HD, pelo
pendrive...). Muitos estão acostumados a virar noites, conectados à rede
mundial de computadores (internet) – interagindo com futilidades sociais – que
perderam o costume de virar uma simples página de um bom livro. Por outro lado,
a jornada de trabalho é superior à de sono.
Portanto, não nos causará surpresa
quando ouvirmos nomes próprios, como: Googlenice, Maria Twitteira, Orkutência e
Marcos Web. Certamente, todos nossos descendentes. Oxalá que eles não se
esqueçam de que serão humanos, pelo menos!
Desta forma, cada dia que passa,
estamos cada vez mais distantes da natureza das coisas: alimentos altamente
industrializados e modificados, que contêm elevados teores de conservantes, que
não conservam a vida (bebidas, em geral, enlatados...); amizades intensamente
virtuais, que, denotativamente, não socializam a vida; e a irrelevância do
paradigma espaço/tempo, com a desconsideração das fronteiras geográficas e com
a rapidez influente nos processos naturais, como no crescimento das plantas e
das frutas (transgênicos), na precocidade reprodutiva dos humanos (gravidez na
adolescência) e na sua nova forma de procriação (fertilização in vitro). Aliás,
constituímos uma geração transitiva em plena fase de teste alimentício e de
hábitos modernos que, sabe-se, lá, quando, poderemos inferir algo de
tranquilizante para o nosso amanhã. Sem falar na globalização culinária
intercultural.
Por outro lado, a medicina evoluiu-se
nos seus estudos contemporâneos ou as doenças evoluíram-se nos seus estados pro
tempore?
A resposta não sabemos decifrá-la, mas
indagamos mais uma torpe pegadinha da
vida: por que certas doenças – como a gripe suína, ou gripe A (H1N1) –
propagaram-se em escala mundial, matando milhares de pessoas? E a justificativa
da medicina é sempre a mesma, para explicar o surgimento dessas doenças,
associadas a vírus artificialmente criados em laboratórios. Dá para coçar alguma
parte do nosso corpo, ou melhor, a orelha? Em virtude desse levante ideológico,
as pessoas tornaram-se verdadeiras peças ajustáveis ao sistema capitalista – o
principal comandante das manobras – que, de forma indutiva, aceitam, cegamente,
tudo que é proposto por tal sistema (dependência exacerbada de remédios
viciantes, vacinas...).
Talvez, “magnífico” leitor, você esteja
se perguntando por que o autor não foi parcial ou incisivo quanto ao seu ponto
de vista nos argumentos levantados; porém, sucinto nos comentários destes.
Somente entendamos a tonalidade sugestiva do sarapatel de assuntos complexos e
reflitamos acerca dos seguintes ditados: “Mais fere a má palavra do que a
espada afiada”; “O ócio é o pai de todos os vícios”; “A pressa é a inimiga da
perfeição”; “A gente faz 99 e querem que complete 100”; “Quem vê cara, não vê
coração”; “Amigos do bom tempo mudam com o vento”; “Quem muito abarca, pouco
abraça”; “A formiga, quando quer se perder, cria asas”... Tudo de mais é
prejudicial!
Consciência é a palavra-chave.
Júlio Luís de Moura Filho
Professor e Músico